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DICAS
Hoje em dia é assim: antes de tudo o que vamos fazer, damos uma verificada na internet. Com a medicina, não tem sido diferente. Marcamos um médico e logo vamos conferir se ele, ou a clínica dele, tem Instagram, Facebook, site, blog… já estamos condicionados ao marketing médico. E, se meu dermatologista ou cirurgião plástico, por exemplo, não está presente ou bem apresentado na web (textos e imagens de baixa qualidade), logo eu fico desconfiado se ele é mesmo bom. Identificou-se? Não é só você que se sente assim.
O posicionamento comunicacional de qualidade, principalmente na internet, tem tanto peso que o inverso acontece bastante: primeiro eu vejo um médico “top” na internet e, a partir disso, interesso-me em marcar uma consulta com ele. Adeus catálogo de profissionais do plano de saúde! O Instagram substituiu. É por isso que, se você é médico, ou ainda, o redator de um médico, precisa se atentar a alguns critérios. Isso inclui questões legais e éticas. Confira detalhes específicos dos textos para marketing médico:
O Conselho Federal de Medicina (CFM) criou o manual de publicidade para os médicos por meio da resolução nº 1.974/11. Ele estabelece várias recomendações e proibições. É importante conhecer os critérios para não incorrer em falhas na hora de divulgar tratamentos e informações.
Garantir, prometer, assegurar, dizer que é o melhor… nada disso é permitido. Afinal, cada organismo é de um jeito. Por vezes, o tratamento que acabou com a celulite de alguém pode não fazer nenhum efeito em mim. Se o médico prometeu que a aquela tecnologia tiraria tudinho, como eu fico nessa? Prometer, na medicina, configura como propaganda enganosa. Quebrar essa e outras regras pode acarretar em punição ao médico.
Para oferecer um conteúdo educativo e interessante sobre doenças, tratamentos, tecnologias e procedimentos estéticos, prefira usar palavras e expressões facilitadas. Afinal, o intuito é ajudar pacientes e a comunidade, em geral, a compreender algo sobre saúde. Se eu uso termos técnicos, linguagem médica e frases rebuscadas, estou afastando o conhecimento do leitor. Por que dizer “ptose de pálpebras”, se posso dizer “pálpebras caídas”, por exemplo? A compreensão não fica facilitada?! Médicos, não tem problema deixar o texto mais “palatável”!
Se os textos são feitos por um redator (do Jornalismo, da Letras, da Publicidade etc.), o médico que está sendo citado precisa validar o material. Afinal, quem se formou em medicina e fez especializações foi ele. Ninguém será melhor para conferir se todas as informações correspondem com o que é correto. Então, por mais experiente que o escritor seja, o médico precisar ler tudo e dar o aval oficial (por escrito) para a divulgação de tais conteúdos. Seja em blog, em rede social, em e-mail marketing… em tudo!
A internet está cheia de informações sobre tecnologias, procedimentos e acometimentos. Contudo, não estão disponíveis para utilização de outros para replicação. Se a explicação está excelente, você pode citar o texto, dando os devidos créditos à fonte. Não é porque se trata de informação médica que fica “disponível” para ser copiado. Tampouco, porque está na web. Um conteúdo é sempre de propriedade intelectual de alguém. Aposte em conteúdos originais, interessantes e educativos. Seu público-alvo vai gostar e te “seguir”.
Se você é redator, não permita… Se é médico, não insista nisto: é terminantemente proibido e antiético revelar nomes e depoimentos de pacientes, mostrar fotos de antes e depois, divulgar preço em publicidades, atestar especialização não concluída e se dizer único em alguma atuação médica. Muita gente faz? Sim. É correto? Segundo ao manual do CFM, não. Está passível de denúncia e punição? Sim. Vale à pena correr o risco? Claro que não. Além do mais, médico que quebra regras não inspira muita confiança, certo?!
Existem inúmeras outras questões que poderiam ser citadas aqui, sobre textos de marketing médico. Por isso, é fundamental que o profissional da saúde ou redator esteja sempre pesquisando sobre o assunto e se qualificando para redigir. Escrever sobre assuntos médicos exige demasiada responsabilidade, muita pesquisa e intensa dedicação. Se você está sem tempo para cuidar com afinco dessas construções textuais, conte com alguém de expertise no assunto. É mais legal, nos dois sentidos da palavra.
Aproveito para contar, em primeira mão, que o projeto Porta Aberta, da Agência Salt, promoverá uma palestra com dicas mais completas sobre o assunto. O evento será voltado a estudantes e profissionais da escrita que querem se aperfeiçoar em escrita para marketing médico. Será um prazer compartilhar conhecimentos! Se você tem interesse, fique de olho nas redes sociais da Salt. Será divulgado por lá. Sucesso em seus textos!
Deysiane Marques
Jornalista, graduanda em Letras e analista de comunicação da Agência Salt.